SINOPSE
A vida não é uma discoteca de luzes reluzentes e batidas rítmicas alegres e disso MACABÉA (Aline Borges) sabe muito bem. Migrante, a moça se mudou de Alagoas para Rio De Janeiro aos 18, quando a tia que havia lhe criado após a morte dos seus pais faleceu. Na cidade maravilhosa, Macabéa se resigna em sua resplandecente ignorância. Não se questiona nem se rebela contra LURDES PIMENTEL (Betty Faria), dona da academia Passo Certo, onde Macabéa trabalha de secretária em troca de um salário extremamente mixuruca, que só lhe dá direito a passar dias comendo apenas cachorro quente e tomando refrigerante. Mas se lhe falta uma boa alimentação, Macabéa devora os recortes de velhos jornais e revistas que consegue roubar da Passo Certo e assim ela vive: saboreando recortes de fantasias distantes que lhe suprem seu marasmo e sua vida sem emoção.
Macabéa, ou apenas Maca, como LAURINHA (Alexandra Richter) sua colega de trabalho gosta de lhe chamar é cheia de “pequena coisice” – aliás, ela era toda com conglomerado de pequenas: era magra, lhe faltava exuberância, não tinha graça, não se cuidava, sua higiene era meia-boca e suas roupas um desastre completo - coisas Laurinha não se conformava e se irritava mais ainda com a extrema timidez de Macabéa, não acha aceitável nem comum, lhe revolta a colega só comer cachorro-quente, mas lhe revolta sobretudo a sua extrema passividade. Macabéa é assim, passiva de tudo, para tudo abaixa a cabeça e engole a palo seco e intensos goles, talvez por culpa de sua rígida e pudica educação...talvez pelas mordaças lhe atadas pelo seu superego inconsciente, mas quem é que sabe? Deixo ao público essa lacuna a ser preenchida com o que melhor desejarem.
Laurinha sempre que pode tenta arrastar Maca para as festas na discoteca DISCO GROOVE, ponto de encontro dos personagens da trama. É lá onde Macabéa conhece OLÍMPICO (Eduardo Gaspar), migrante paraibano que veio para o Rio com um objetivo fixo em mente, quase uma obsessão: se sagrar deputado. Cismava na carreira política, e tinha lábia, oh se tinha! Lábia de convencimento, loucura enraizada, lábia de quem desde menino aprendeu a mentir, mentir para não passar fome, mentir para não apanhar, mentir para tudo...o pior: mentir para si mesmo. Ele, com toda a sua lábia e seu ardente desejo por ingressar na tão sonhada vida fácil de deputado medíocre, impressionou Macabéa. Pobre Macabéa, nunca havia sido notada por rapaz algum mesmo já estando beirando aos 30 anos – sim, era ainda virgem no corpo, na boca e na alma. Digo na alma pois era o que era e assim se fez: a pobre coitada era virgem no espírito, Deus ou entidade alguma havia desvirginado sua mentalidade, mas ela não era ateia nem agnóstica, era católica, porém desde menina fazia rezas vazias, decoradas e frias. Nunca se sentiu melhor com isso, nem sabia para quem, por quem e por quê rezava. Se você perguntasse a ela, a nossa querida Maca te diria: “Rezo porque o certo é isso, né?”. Sem dúvidas, a tirania da tia e a infância miserável no sertão do Nordeste lhe deu um censo crítico miserável também, tudo para combinar com seu temperamento incrivelmente ameno.
A retirante alagoana dormia no mesmo quarto que outras 2 moças que trabalhavam na PASSO CERTO: LINDOCA (Mel Lisboa), secretária que mantem um caso secreto com JORGE PIMENTEL (Osvaldo Mil), marido de Lurdes Pimentel e também dono da academia e DE CASTRO (Deborah Secco), intrometida, vive a palpitar e a querer colocar Macabéa nos eixos sem sucesso algum.
Imersa em seu raso oceano de fantasias, quem pode saber se a hora da estrela está se aproximando e quando chegará?
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