DOM DE AMAR
by
EVERTON BRITO
Capítulo 05
FADE IN:
01 INT. OUTRO PLANO-
INDIFERENTE.
Por uma forte luz
branca, Artur se materializa na frente de Cecílio.
CECÍLIO
Ela me viu.
ARTUR
Eu sei.
CECÍLIO
Por que não me avisou que eu não era imune aos efeitos dos espelhos?
ARTUR
(sorri)
Os espelhos costumam quem somos de verdade. Estava previsto, Cecílio.
Era pra acontecer.
CECÍLIO
E agora? Como vou explicar isso?
ARTUR
Não vai.
CECÍLIO
Não compreendo.
ARTUR
Você vai continuar com sua missão. Vai guardar a criança, só que não
será visto aos olhos dela e nem de nenhum humano.
CECÍLIO
Tá, e o que vai acontecer? A memória dela vai ser apagada? E por quê que
ela tem que morrer?
ARTUR
Não posso dizer mais nada. A missão é sua. Só venho aqui quando me é
ordenado e já está na hora.
CECÍLIO
Artur!
E tudo se apaga.
FADE OUT.
FADE IN:
SONOPLASTIA: Ame Mais, Julgue Menos- Marcela Taís.
ABRE A CENA com a
imagem do amanhecer na cidade.
02 INT. ARAS MUÑOZ,
QUARTO DE BENTO- DIA.
Sarita vem caminhando
pelo corredor e avisa a porta do quarto de Bento entreaberta. Estranha.
Continua seguindo adiante.
EDUARDO
(V.O)
Vim te dar seus remédios…
Sarita escuta a voz
de Eduardo e para na porta, discreta, espiando. Consegue ver Eduardo trocando
os remédios de Bento, de um frasco para o outro. Ele guarda um dos frascos no
bolso do paletó. Sarita, assustada, se afasta, correndo do corredor.
03 INT. MANSÃO DE
ARNALDO, QUARTO- DIA.
Cam percorre toda a
extensão do quadro, até dar-se com Arnaldo, imóvel, na cadeira de rodas
elétrica, olhando para fora do janelão, no qual suas grandes balançam com a
brisa leve da manhã. Olhar vazio, sem esperanças.
EMPREGADA
Seu Arnaldo. A cuidadora chegou.
CAM revela a
Empregada no ‘pé da porta’.
ARNALDO
(amargo)
Mande entrar.
Ela assente e logo em
seguida se vai. Sem delongas, adentra Malu.
SONOPLASTIA: Un Vestido Y Un Amor- Caetano
Veloso.
Ela respira.
ARNALDO
Quem está aí? Como se chama?
Os olhos de Malu
enchem-se de lágrimas.
ARNALDO
Responda! É algum tipo de brincadeira. Está rindo de mim?
Malu não é capaz de
dizer nada.
04 INT. CASINHA DE
MARINA- DIA.
Marina anda de um
lado para o outro, nervosa, pálida, enquanto Sarita sentada na cadeira, a
observa, aflita. Logo ao seu lado está Cecílio, mas nenhuma das duas pode
perceber sua presença.
SARITA
Calma, Marina. Você está muito nervosa, pálida.
MARINA
Eu tenho certeza do que eu vi, Sarita. Ele estava lá e eu vi… Eu vi no
espelho. O seu reflexo… ele tinha asas.
SARITA
Isso só deve ter sido um sonho, Marina!
MARINA
Não foi… Não foi, eu tenho certeza. Foi real.
SARITA
Tá, então cadê esse homem?
MARINA
Sumiu. Quando eu acordei ele já não estava mais aqui. Sumiu do nada. Não
deixou nada, nem sequer um bilhete. Alguma coisa.
SARITA
Vai ver que ele se lembrou de quem era, da família. Você não disse que
ele não lembrava de nada?
MARINA
Eu não sei… eu não sei de mais nada.
Marina põe mão na
pia, apoiando-se. Aflita. Cecílio levanta-se e vai até ela. Levemente põe a mão
sobre seu ombro. Marina, imediatamente se arrepia.
MARINA
Ai… Aí, não disse? Aquele arrepio de novo. Tem alguma coisa errada,
Sarita… Eu tenho que achá-lo.
SARITA
Acho melhor você se acalmar, pois ainda tem que falar com o seu Eduardo.
MARINA
Ainda tem mais essa. O que será que esse homem quer de mim?
Marina respira fundo.
Sarita dá de ombros.
05 INT. MANSÃO DE
ARNALDO- DIA.
Arnaldo espera Malu
se pronunciar. Ela respira e toma coragem.
MALU
Sou eu…
Arnaldo tenta
reconhecer a voz. Malu caminha e põe-se a sua frente.
MALU
Eu sinto muito.
ARNALDO
Eu não preciso da sua pena.
MALU
Não é pena.
ARNALDO
Então é pelo dinheiro? Claro que é. Você precisa. Venho num bom momento
pra você.
MALU
Como pode insinuar que eu estou feliz por você ter se acidentado? Eu não
sou assim.
ARNALDO
As pessoas são assim. São egoístas e nos abandonam quando mais
precisamos delas.
MALU
Só por quê uma pessoa te abandou, não quer dizer que todas vão fazer
isso. As pessoas não são iguais.
ARNALDO
Vai embora.
Malu continua a
encará-lo.
ARNALDO
(grita)
Sai!
Ela se assusta com
seu grito. Malu levanta e caminha em direção a porta. Para e vira-se.
MALU
Pode gritar quantas vezes quiser. Eu não sou as outras pessoas… e eu não
vou te abandonar.
Sai.
06 INT. ÔNIBUS-DIA
Em Sarita e Marina,
no assento do veículo. Sarita encontra-se pensativa, enquanto Marina segura uma
foto 3x4 de Leandro. Ela a aperta contra o peito. Atrás delas, Cecílio sente um
mal pressentimento.
CECÍLIO
Ai, meu Deus..
SONOPLASTIA: Hit The Ground Running- Alice Merton.
Cecílio põe a mão no
peito, fecha os olhos e sussurra algo. Logo um forte corrente de vento invade
as janelas do Ônibus, fazendo a foto de Leandro cair das mãos de Marina.
MARINA
Meu Deus, a foto do Leandro. Era a única que eu tinha, Sarita. Me ajuda
a procurar.
As duas se abaixam
para tentar localizar a foto. Nesse instante uma pedra quebra uma das janelas
do Ônibus, ferindo um outro passageiro. Todos se assustam.
SARITA
O que foi isso?
De repente, o ônibus
começa a ser balançado e todos podem enxergar e perceber se tratar de um
ataque, mas janelas do Ônibus são quebradas a pedradas enquanto todos tentam se
defender. Sarita arriscar olhar pela janela e vê o grupo espalhando gasolina
por toda parte externa.
SARITA
(desesperada)
Eles vão incendiar o ônibus! A gente vai morrer!
MARINA
O quê? Ai.
Marina olha para
baixo, assutada.
MARINA
A bolsa… rompeu. Sarita… a bolsa rompeu.
E ônibus começa a
pegar fogo.
FADE OUT.
FIM DO CAPÍTULO.
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