DESTINO - Capítulo 37: De parar o trânsito!




Vânia começa a ficar tremula com a arma de Bárbara apontada para ela.
Bárbara: O que foi, Vânia? Está tremendo por que? Está com frio?
Vânia: Sua imbecil, larga esta arma. Você vai acabar fazendo uma burrada.
Bárbara: A burra aqui é você. Achou o que? Que seria mais esperta do que a Lívia se passando por mãe dela? Não se contentou com o que tínhamos combinado? Você poderia estar em alguma cidade do interior do Paraná ou até mesmo em outro estado com este dinheiro que eu e o Mateus combinamos, mas a sua ambição falou mais alto.
Vânia: Baixa esta arma e vamos conversar.
Bárbara: Conversar? Com você não tem conversa! Você é do tipo que nunca está satisfeita, não é? Bem que o ditado é certo: quem nunca comeu melado quando come se lambuza. Mas agora chega de conversa e vá embora daqui antes que eu acabe com a sua raça.
Tá esperando o que, heim? Vai embora daqui sua miserável!
Vânia sai correndo desesperada e sem rumo, quando Bárbara mira e dispara o primeiro tiro em direção à empregada.

Terezinha: O que é, comadre, fala logo.
Vera: Posso entrar?
Terezinha: Entre.
Vera senta-se no sofá de Terezinha.
Terezinha: E então?
Vera: Vou ser direta. Eu acho que sei quem é a filha desaparecida do Manoel e da Iná.
Terezinha: Sabe? Como assim? Como você descobriu?
Vera: Na verdade eu não tenho certeza. Estou encaixando algumas peças. Lembra que o Mateus me disse que a Lívia descobriu ser adotada?
Terezinha: Claro. Me lembro inclusive que o Mateus tinha ficado possesso por ela, mesmo sem ser filha do Eugênio, ter recebido uma criação a pão de ló.
Vera: Pois é, ela nasceu em junho de 1992 no hospital Ângela Veríssimo.
Terezinha: Sim. Depois ela foi abandonada pela mãe e foi aí que a mãe dela, a dona Helena, a adotou.
Vera: Sim, esta é a versão que sabemos. Mas, a filha do Manoel e da Iná nasceu no mesmo dia que a Lívia e no mesmo hospital. A mãe da Lívia tinha ficado grávida antes, mas parece que perdeu a criança. Lembra que a Iná tinha me dito que a criança que seria supostamente a filha dela tinha nascido morta?
Terezinha: Vera do céu, então você acha que...
Vera: Eu tenho quase certeza que a Lívia é filha do Manoel e da Iná e que o Mateus está junto com a Bárbara dando um jeito de evitar a reaproximação dos pais com a filha.
Terezinha: Mas, não faz sentido. O que o Mateus ganha com isso?
Vera: Ele tem ódio da família do Eugênio! Ele ficou mais enfurecido ainda ao saber que a Lívia não era filha biológica daquele demônio, mas mesmo assim teve todas as regalias na vida. Ele também quer continuar exercendo um controle na Lívia. Ele ficou obcecado com a vida de luxo. Eu não reconheço mais o meu filho. Eu estou desesperada. Eu não sei o que eu faço.
Terezinha: Conte aos três o que você sabe ou imagina.
Vera: Mas eu não tenho certeza.
Terezinha: Não interessa. Você já tem suspeitas fortes o suficiente.
Vera: Só que tem uma coisa que eu descobri estes dias que não faz sentido algum.
Terezinha: O que?
Vera: Eu vi o Bruno, namorado da Tatiana, na casa da Bárbara.
Terezinha: Como é que é?
Vera: Isso mesmo. Ele trabalha lá no hospital e é amigo do Mateus a anos. Mas o que ele tem a ver com esta história eu não sei.
Terezinha: Muito estranho mesmo. Mas de qualquer maneira, conte tudo o que você sabe ao Manoel, Iná e Lívia. E de preferência com os três juntos. Eu entendo o seu lado, mas você mesma já admitiu que não reconhece mais o seu filho. O que o Mateus está fazendo não está correto. Já se colocou no lugar da Iná? Imagina se você estivesse procurando um filho desaparecido e soubesse que estão fazendo de tudo pra você não o encontrar? Se coloque no lugar dos outros, comadre. O Mateus vai ter que pagar caso esteja fazendo algo errado.
Vera leva as mãos à cabeça e chorando ela admite que Terezinha está certa e que vai cuidar disso.
Vera: Você tem razão, Tere. Bom, eu vou pra casa. Amanhã vou pensar em como reunir os três.
Terezinha: Durma bem, Vera. Se precisar de mim é só chamar.

Já tendo voltado para casa no meio da madrugada, Mateus recebe uma ligação de Tatiana.
Tatiana: Alô, “Teus”?
Mateus: Tatiana?
Tatiana: Sim. Desculpa te ligar a esta hora, mas você não sabe nada do Bruno mesmo? Ele simplesmente não voltou pra casa.
Mateus: Não, não sei de nada. Olha, estou super cansado, a Lívia caiu, ficamos assustados e pensando que podia ter ocorrido algo com o bebê. Amanhã nos falamos, tudo bem.
Tatiana: Está tudo bem com o meu sobrinho?
Mateus: Agora sim, só precisamos descansar.
Tatiana: Ok, meu irmão. Boa noite.
Mateus: Boa noite.

Ao levar o primeiro tiro na perna direta, Vânia cai e começa a gritar de dor.
Vânia: Sua vagabunda, olha o que você fez!
Vânia continua se rastejando, tentando sair do campo de visão de Bárbara.
Bárbara: Olha lá, parece uma minhoca se rastejando na terra. Esse primeiro foi por todos os deboches que você já me fez.
Bárbara aponta e atira mais uma vez, desta vez acertando no braço esquerdo de Vânia.
Bárbara: Este segundo é por você não ter cumprido o nosso acordo.
Vânia: Para, Bárbara! Eu te imploro. Eu não estou mais aguentando me mexer, para!
Bárbara: Suas palavras são comoventes. Atendendo ao seu pedido eu vou acabar logo com isso.
Bárbara dispara um terceiro tiro que atinge as costas de Vânia.
Sem conseguir se mexer de maneira alguma, Vânia fica jogada ao lado da estrada, enquanto Bárbara vem em sua direção, Vânia fala com a voz já embargada:
- Acaba logo com isso. Me mata logo. Eu sei que você não vai me deixar sair viva daqui.
Bárbara: Olha, até queria acabar logo com você, mas eu só tinha três balas. Espero que você consiga morrer sozinha. Tchau, bebê e não se esquece de cumprir seus combinados, pelo menos no inferno pra onde você vai, filhote do demônio!
Bárbara entra no carro, vai embora e deixa Vânia morrendo de hemorragia em meio à beira de estrada de terra coberta com matagal ao lado. Em seu carro, Bárbara coloca em alto som a música Highway to hell do AC/DC. Vânia ainda demoraria mais uma hora e meia para morrer pela falta de sangue.

No dia seguinte, Lívia toma café na companhia de Mateus e assistem o noticiário local.
Em evidência estavam notícias sobre mortes na Região Metropolitana de Curitiba na madrugada anterior.

Jornalista na TV: Madrugada violenta na RMC. Ao todo foram três assassinatos. Um rapaz foi morto em um assalto quando chegava da casa da namorada no bairro Cidade Jardim em São José dos Pinhais. Os suspeitos já foram capturados e levados à delegacia da cidade. Em Tunas do Paraná uma mulher aparentando ter entre 40 e 50 anos foi encontrada por agricultores da região, morta com três tiros e sua identidade ainda está sendo levantada. Já em Campo Magro uma cena macabra: foi encontrado um corpo carbonizado próximo a uma pedreira desativada. Turistas que passavam hoje pela manhã na região disseram ter desconfiado do cheiro e da fumaça que vinha da área em que o corpo foi encontrado. Não foi divulgado ainda se o corpo era de um homem ou de uma mulher. Mais informações na nossa segunda edição do dia.

Lívia: Que horror! Olha, Curitiba está cada dia mais violenta, não é, amor?
Mateus (visivelmente incomodado com a notícia na TV): Está sim. Bem, vamos ao hospital?
Lívia: Ainda estou muito cansada. Acho que vou ficar em casa hoje.
Mateus: Tudo bem, eu dou conta de tudo sozinho. Descanse, Lívia, você está precisando.

Enquanto isso, Tatiana não tinha conseguido dormir com o sumiço de Bruno.
Tatiana: Alô, polícia?
Policial: Sim, no que posso ajudar?
Tatiana: Meu marido desapareceu. Desde ontem à tarde não tenho informações sobre ele.
Policial: Tem certeza? Se ele desapareceu a menos de 24 horas não podemos abrir investigação. Já conversou com pessoas próximas a ele?
Tatiana: Sim, já até liguei pra família dele no interior de Santa Catarina e eles não sabem de nada. Olha, ele nunca foi de sumir.
Policial: Faça o seguinte, espere dar 24 horas e depois ligue para cá novamente ou melhor: vá pessoalmente a uma delegacia fazer boletim de ocorrência, certo?
Tatiana: Tudo bem, farei isso. Obrigada.
Policial: De nada.

Vera aproveita uma hora de tranquilidade após o almoço para ligar para Iná.
Vera: Alô, Iná? Está podendo falar?
Iná: Sim, mas tem que ser rápido, estou de serviço na casa de uma patroa muito enjoada.
Vera: Então, gostaria de conversar com você hoje a noite. Você poderia ir na minha casa?
Iná: Claro. Aconteceu algo grave?
Vera: Não, nada de mais, só quero ter uma conversa com você.
Iná: Tudo bem. Que horas estaria bom pra você? Eu saio às 17h do serviço.
Vera: Pode ser às 20h.
Iná: Combinado. Beijos.
Vera desliga o telefone e liga para Manoel que estava no trabalho.
Vera: Manoel? Pode falar?
Manoel: Posso.
Vera: Bem, sei que geralmente você chega antes das 19h, mas quero que sem falta você esteja aqui em casa até às 20h. quero conversar com você.
Manoel: Nossa, mas pra que esse tom sério?
Vera: Você vai saber.
Manoel: É sobre ontem, não é? Olha, amor, eu já te pedi desculpas, eu sei que sou muito fraco pra bebida e...
Vera: Manoel, fica quieto que não tem nada a ver com isso. Eu achei absurdo tudo o que eu vi ontem, mas não é sobre isso que eu quero falar, tem coisas muito maiores do que a sua fraqueza pra bebida, que na minha opinião você já deveria ter se encarregado de cuidar disso, porque a Ellen mesmo uma vez comentou que você já passou vexame outras vezes.
Manoel: Nossa, não precisa humilhar também.
Vera: Não é humilhação, é a verdade. Esteja aqui até 20h e pronto. Tchau e até depois.
Manoel: Até.
Vera desliga o telefone, relativamente irritada com Manoel, pois ainda estava sentida pela cena que tinha visto na noite anterior.

Mesmo assim ela resolve esquecer por um instante, já que precisava ligar para Lívia.
Lívia: Oi, Vera?
Vera: Tudo bem, Lívia?
Lívia: Tudo e com  a senhora?
Vera: Estou bem. E o bebê?
Lívia: Tive um susto ontem com um tombo que tive, mas está tudo certo, não aconteceu nada demais.
Vera: Meu Deus, toma cuidado, minha filha. Eu já perdi uma filha do Marcos por uma queda que tive. Foi antes do Mateus nascer. Era pro Mateus ter uma irmã um ano mais velha que ele.
Lívia: Que horror, dona Vera. Pode deixar, vou me cuidar sim. Mas, qual o motivo da ligação.
Vera: Bom, você sabe que daqui algumas semanas o Mateus fará aniversário, não sabe?
Lívia: Claro, dia 23 de novembro está aí já.
Vera: Ótimo. Queria organizar uma festa surpresa para ele, mas, preciso que você me ajude a organizar. O que acha?
Lívia: Com maior prazer! Pode contar comigo.
Vera: Certo. Você pode vir a minha casa hoje? Quero combinar pessoalmente com você, meus filhos e o Manoel, meu namorado.
Lívia: Claro, irei sim. Que horas?
Vera: Esteja aqui umas 19h30. Mas, não conte nada ao Mateus, por favor! É surpresa.
Lívia: De jeito algum, não contarei nada, pode deixar.
Vera: Que bom, amada. Então até mais tarde.
Lívia: Até, Vera. Beijos.
Vera: Beijos.
Vera ficava com a respiração ofegante só de saber o que aguardava o fim daquele dia, mas ao mesmo tempo estava tendo uma leveza no coração em saber que estava a fazer a coisa certa.


Mateus recebe uma ligação de Bárbara.
Bárbara: Garotão, preciso falar rápido com você. Estou no meu escritório e em breve recebo um cliente, mas não posso deixar de te alertar uma coisa.
Mateus: Fale, Bárbara.
Bárbara: Nossa, que voz de sono. Foi dormir tarde ontem?
Mateus: Fui, “né”? A Vânia empurrou a Lívia e eu tive que correr com ela pro hospital. Aliás, o que você fez com a Vânia?
Bárbara: Nada, dei um dinheiro pra ela e mandei ela pra fora da cidade. Não tinha mais o que fazer.
Mateus: E se ela voltar?
Bárbara: Ela não vai voltar. Se voltar vai ser presa.
Mateus: E pode ferrar a gente.
Bárbara: Ela não vai voltar, já falei. Mas, tem algo bem mais preocupante que a Vânia.
Mateus: E o que seria?
Bárbara: A sua mãe.
Mateus: Já disse que não deixei nada escapar e...
Bárbara: Só te digo uma coisa, sua mãe não é tão tapada quanto eu pensei. Fica esperto com ela ou então ela pode ser a chave dos nossos problemas. Esqueça a Vânia, dela cuido eu, cuide de afastar sua mãe dos nossos planos ou então...
Mateus: Ou então o que?
Bárbara: Eu serei capaz de agir no seu lugar e pode ter certeza de que eu não serei generosa, até porque eu já tenho um ranço dela suficiente pra não ter dó.
Mateus: Desculpa, Bárbara, mas primeiro que ninguém ameaça a minha mãe. Experimente fazer um “ai” contra ela que eu acabo com a sua raça. Segundo que você perdeu seu marido pra você mesma. Ele já não gostava de você anos antes de conhecer minha mãe. Menos, Bárbara. Bem menos. Minha mãe me ama o suficiente para não me ferrar. Vamos nos focar na Lívia e pronto. Preciso ver o que ela fará agora que sabe que a Vânia não é mãe dela.
Bárbara: Vou ignorar suas palavras de filho protetor. Está avisado, tome conta da dona Vera enquanto é possível. Tchau, Mateus.
Mateus: Tchau, Bárbara.

Vera está em casa aguardando Iná chegar, uma vez que Manoel já havia chegado em casa. Iná chega e entra pela porta da sala de Vera.
Iná: Oi, Vera. Tudo bem?
Vera: Tudo sim, vamos entrando.
Manoel: Iná? O que você faz aqui?
Iná: A Vera não te contou?
Vera: Sentem-se. Logo vamos conversar, preciso esperar mais alguém chegar.
Manoel: Está esperando o Tiago?
Vera: Não, o Tiago saiu com a Ellen, Vitor e Priscila. Voltam só mais tarde.
Manoel: Então não estou entendendo.
Iná: Nem eu.
Vera: Logo vão entender.

Enquanto isso, Lívia manda mensagem para Vera dizendo que possivelmente vai chegar atrasada porque o transito perto do Colégio Militar estava horrível. Ao terminar de mandar a mensagem ela começa a sentir contrações fortes em meio ao transito.
Lívia: Que doooor! Meu senhor, amado! Não acredito que vai ser agora!
O sinal já tinha aberto, mas ela não havia saído do lugar. Os carros atrás dela na pista começavam a buzinar, deixando-a mais desesperada ainda.
Lívia: Será que não dá pra esperar!
Passados alguns segundos a motorista do carro de trás resolveu sair e ver o porquê da motorista do carro da frente não ter saído também.
Priscila: “Ooh” minha filha, o que está acontecendo que tu não arranca com este carro? Olha a fila nesta pista!
Lívia: Moça, me ajuda.
Priscila: O que foi?
Lívia: Eu acho que minha bolsa estourou. Eu acho que meu filho vai nascer!

------------------------------- GANCHO: DON’T LOOK BACK IN ANGER (OASIS) -------------------------

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