

Mateus: Por que você está gritando, Bruno? Eu não te fiz nada.
Ainda...
Bruno: Mateus, você está louco, cara. Me tira daqui. Por favor!
Mateus: Ué, sai daí. Não estou te segurando.
Bruno: Esquece tudo o que eu pedi. Eu sei, eu me excedi, parça. Me
livra disso tudo.
Mateus: Parça? Você me chamou de parça? Eu era o seu parça até
alguns anos atrás, quando descobri que você é pior do que uma cobra cuidando de
rato. Você achava mesmo que eu ia deixar tu me tirar pra otário?
Bruno: Eu não te tirei pra otário...
Mateus: Ah não?
Bruno: Não, cara. Eu tava com umas dividas aí e me bateu desespero
e...
Mateus: Cala a boca, Bruno. Chega de tentar se explicar, acabou!
Bruno: Cara, pelos nossos tempos na faculdade, brother.
Mateus: Onde eu fazia seus trabalhos enquanto tu gastava os
trocados que a fodida da sua mãe te matava pra conseguir, costurando pra uma
cambada lá em Chapecó? Obrigado, mas tenho ranço daquela fase. Gente chata,
metida. E você era nojento também, fingia que era bem de grana, quando era tão
fodido quanto eu.
Bruno: Pela sua irmã, cara.
Mateus: Mas é justamente pela Tatiana que eu tomei esta decisão.
Esta foi a gota d’água. Quem você acha que é pra encostar em alguém da minha
família? Ainda mais nas mulheres da minha família. Você esqueceu do que eu sou
capaz?
Bruno: Mano...meu...por favor.
Mateus: Bom, eu tenho que ir embora logo porque minha esposa está
grávida, como você bem sabe e eu não posso demorar, né, “parça” (diz Mateus
irônico).
Bruno: Cara, o que é isso aí. Você está louco! O que você vai
fazer com esta arma?
Mateus: Nunca mais se meta comigo ou com alguém da minha família!
Bruno: Claro. Eu prometo. Me tira daqui.
Mateus: Você bateu na minha irmã? Você acha que eu esqueci o que
você fez com a Gabriela, aquela sua ex-namorada da faculdade?
Bruno: Eu não vou mais encostar nela.
Mateus: Você sabe que eu não admito que encostem em ninguém da
minha família? O Eugênio foi o último que fez isso!
Bruno: Mateus, abaixa esta arma. Você vai fazer uma burrada.
Mateus: Pra que me extorquir se eu já tinha te dado um emprego?
Bruno: Mateus, para!
Mateus: Cala a boca, Bruno!
Bruno: Pelo amor de Deus.
Mateus: Cala essa merda da sua bocaaaa!
Dizendo isso, Mateus se
descontrola e acaba apertando o gatilho e dá um tiro certeiro da testa de
Bruno.
Mateus instantaneamente se dá
conta de que acabou matando Bruno.
Mateus: O que eu fiz? Era só pra ser um susto.
Mateus vai até Bruno.
Mateus: Por que você tinha que ser tão ambicioso e bater na
Tatiana, cara? Olha o que você fez eu fazer!
Mateus fica desesperado e num repente ele tem uma ideia.
Pega um galão de gasolina que tinha no carro, joga sob o corpo de
Bruno e ateia fogo para dificultar a identificação do corpo e apagar possíveis
provas.
Mateus volta para casa desesperado e falando no carro:
- Ninguém vai saber disso. Ninguém sabia do meu segredo com o
Bruno. E a Tatiana não pode provar nada... Vai dar tudo certo.
Vera chega em casa com Manoel
e dá uma bronca nele.
Vera: Pode me explicar o que foi aquilo?
Manoel: Eu não estou conseguindo raciocinar direito, Vera.
Vera: Você não ia sair com o Mateus? Aliás, cadê ele?
Manoel: Mas eu saí. Fomos num barzinho ali na praça da Espanha.
Vera: E pelo jeito ficaram bêbados igual gambas! Coitada da Lívia.
Manoel: Ele nem bebeu. Disse que ia dirigir e tudo mais. Tomou foi
suco mesmo. Eu é que bebi. E ele queria me apresentar todas as cervejas do bar.
Uma melhor que a outra.
Vera: Mas o Mateus nem gosta muito de cerveja. Ele gosta mais de
destilados, igual o pai dele.
Manoel: É, mas ele sabia de tudo lá e... (Manoel de desequilibra e
cai)
Vera: Se machucou?
Manoel: Estou bem.
Vera: E como a Bárbara chegou até você?
Manoel: Sei lá. O Mateus foi embora e uns tempos depois ela
chegou.
Vera: Como? (grita Vera)
Manoel: Não grita, tá tudo girando aqui.
Vera: Desculpa. Aaaaah, Manoel... vai tomar um banho que tu tá
fedendo. E escova estes dentes.
Manoel: To indo, Verinha.
Manoel vai para o banheiro e
Vera coloca a mão na testa e repete para si mesma.
Vera: Só pode ter sido coincidência. O Mateus não pode ter feito
isso junto com aquele demônio! Não pode!
Mateus volta para casa e
somente quando está próximo de casa ele liga o celular. Assim que se conecta
com a internet o celular emite várias mensagens avisando de ligações não
atendidas.
Mateus: Alô, Lívia? Está tudo bem? Você me ligou algumas vezes.
Lívia: Sim, amor. Você estava certo, eu não deveria ter aberto as portas
da nossa casa para a Maria do Socorro. Aliás, o nome dela nem é esse.
Mateus: Como assim? O que você está falando?
Lívia: O nome dela é Vânia. Ela me enganou este tempo todo! Estava
interessada por dinheiro, com certeza. A desmascarei e ela me empurrou e fugiu.
Estou no hospital fazendo exames pra ver se está tudo certo com o nosso bebê.
Mateus: Me espera. Eu vou direto ao hospital.
Mateus desliga e imediatamente
liga para Bárbara.
Mateus: Bárbara? Está por aí?
Bárbara: Deu tudo errado! O Manoel nem chegou a entrar em casa.
Mateus: Me escuta, tenho algo sério a falar.
Bárbara: A sua mãe! Ela estava lá na frente da minha casa. Você
deixou algo escapar aos ouvidos dela?
Mateus: Minha mãe? Não, claro que não. Olha, depois a gente fala
disso, preciso falar da Vânia.
Bárbara: Olha, eu já disse que vamos traçar um plano específico
pra ela. Eu prometi e...
Mateus: Esquece, já deu merda! Não sei como, mas a Lívia já sacou
toda a mentira da Vânia, que o nome verdadeiro dela é esse e que ela não é mãe
da Lívia. Olha, uma merda federal esta.
Bárbara: Eu não acredito! Que dia de merda! Eu ligarei pra ela. Já
sei o que fazer.
Mateus: E o que é?
Bárbara: Depois te falo.
Bárbara desliga rapidamente o
celular e pensa em uma alternativa à situação posta.
Bárbara: Você pediu, Vânia. Só me resta uma saída.
Enquanto isso, Vera começa a
chorar sozinha em voz baixa na sala de sua casa. Não tinha nada a ver com o
comportamento fraco de Manoel para com a bebida, embora isso tenha ajudado, mas
sim sobre as suspeitas que ela tem tido do filho ultimamente.
Olhando para uma imagem dos
filhos quando eles eram pequenos e depois levando as mãos à cabeça ela falava:
- Me ajuda, meu Deus. O que eu faço com o Mateus?
Mateus chega ao hospital.
Mateus: Lívia? Tudo bem com o bebê?
Lívia: Sim. Está tudo bem. Não aconteceu nada.
Mateus: Como você descobriu tudo isso?
Lívia: Eu comecei a perguntar para ela sobre como foi a minha
gravidez. Eu estou grávida, queria saber se poderia ter algum tipo de problema
genético. Todas as vezes que ela falava do assunto ela mostrava total
desconhecimento do que é estar grávida. É como se ela nunca tivesse ficado.
Mateus: Bom, mas isso não pode ser por causa do trauma? Afinal de
contas, segundo ela, ocorreu um estupro.
Lívia: Eu também pensei nisso, mas ela não me falou nem dos exames
que deveria ter feito. Achei estranho. Fui buscar a ficha dela e ela não tinha
nenhum rastro anterior, além de um registro como indigente numa casa de abrigo
em 1980.
Mateus: Sério? Mas ela é tão velha assim?
Lívia: Não, ela estava usando documentos de outra pessoa no mínimo
uns 10 anos mais velha. Ela forjou documentos. Aproveitei que ela estava
dormindo lá em casa e há alguns dias eu fiz um exame de DNA. Ficou comprovado
que ela não era nada minha. Pra piorar, descobri através do mesmo exame que ela
se chama na verdade Vânia. Olha, eu não sei nem mais o que dizer.
Mateus: Que horror, querida. Descanse, fique bem. Eu vou ver se
consigo a encontrar.
Lívia: Sim, antes que ela tente ludibriar mais alguém.
Enquanto Mateus comprava um
lanche para Lívia na cantina do hospital, Ângela abordava-o.
Ângela: Senhor Mateus?
Mateus: Senhorita Ângela? O que foi?
Ângela: Sua irmã ligou. Ela perguntou pelo Bruno. Disse que ele
ainda não chegou em casa. Já a informei que ele saiu daqui faz horas. Você por
acaso o viu?
Mateus dá uma leve engasgada,
mas retoma a fala.
Mateus: Não, estava com o namorado da minha mãe até agora e aí vim
pra cá assim que a Lívia me contou que estava aqui.
Ângela: Então vou informar a ela. Obrigada e com licença.
Mateus: Toda.
Bárbara liga para Vânia para
consertar a burrada da cumplice.
Bárbara: Mas você é uma anta mesmo! Imbecil, eu falei que esta
história não ia dar certo! Pegasse o dinheiro e fosse embora, estrume!
Vânia: Agora já é tarde. Me ajuda, Bárbara.
Bárbara: Minha vontade era de te deixar ir presa e ficar numa
jaula de circo a vida inteira que é o seu lugar, mas como eu vou me ferrar
também, vou te esconder, sua mula.
Vânia: Onde?
Bárbara: Tem uma chácara que era do meu falecido pai na estrada
entre Tunas do Paraná e Bocaiuva do Sul. Fica em frente a uma capela. Me
encontre lá.
Vânia: Como eu faço pra ir pra lá? Já são quase meia-noite.
Bárbara: Que ódio de você sua infeliz! Vai me fazer sair de casa a
esta hora por causa da sua incompetência. Me espere do lado do terminal do
Cabral. Eu te pego ali.
Vânia: Tá. Então até logo.
Bárbara: Tchau, sua energúmena.
Bárbara desliga o telefone,
vai ao quarto, pega uma caixa e diz a si mesma.
Bárbara: Vai ter que ser agora.
Terezinha estava dormindo em
sua casa, quando ouve batidas em sua porta. Desconfiada, ela pega uma faca e
vai em direção à porta e a abre.
Vera: O que é isso, comadre? Vai me desfiar igual galinha caipira,
é?
Terezinha: Que susto, Vera. São quase meia-noite, o que você acha
que eu pensei?
Vera: Nunca assaltaram nosso terreno. Não exagera.
Terezinha: Mas já nos assaltaram quando morávamos no Fazendinha,
então é melhor não vacilar. O que houve?
Vera: Eu não consigo dormir.
Terezinha: É o Manoel? Ele chegou meio estranho.
Vera: Ele estava bêbado e indo pra casa da Bárbara. Peguei ele no
flagra, pois estava dando aquelas rondas na frente da casa da Bárbara.
Terezinha: Ele teve uma recaída?
Vera: Não, mas acho que era isso que a Bárbara e o Mateus queriam
que eu pensasse.
Terezinha: Mateus? O Mateuzinho? Seu filho?
Vera: Ele estava com o Manoel até pouco antes da Bárbara chegar.
Achei muita coincidência, mas eu não tenho como provar nada. Meu coração diz
que ele e a Bárbara estão de complô.
Terezinha: Complô? Como assim?
Vera: Preciso te contar uma coisa.
Terezinha: O que é Vera? Estou ficando preocupada.
Vera faz uma pausa de suspense
antes de falar para Terezinha.
Enquanto isso Bárbara pegava
Vânia no local combinado.
Bárbara: Entra logo que eu não tenho o dia todo. Aliás, o dia já
acabou, já passou da meia-noite.
Vânia: Já deu de me humilhar, não é, Bárbara?
Bárbara: Pelo nível da sua falta de neurônios toda a humilhação é
pouca, mas eu já estou cansada. Vamos logo pra chácara.
Durante uma hora Bárbara
dirige e quando chega próximo à divisa municipal entre Bocaiuva do Sul e Tunas
do Paraná ela para o carro e manda Vânia sair.
Vânia: Já chegamos?
Bárbara: Já.
Vânia: Não estou vendo casinha nenhuma aqui.
Bárbara: É mais pra dentro. Faz anos que eu não venho aqui, não
gosto de mato.
Vânia: Deveria gostar. Vaca gosta de pasto.
Bárbara: Para de gracinha e desce logo.
Vânia desce do carro e
enquanto reconhece o local, Bárbara desce com sua bolsa.
Vânia: Tem certeza que é aqui? Está muito escuro e não vejo nada.
Bárbara: É aqui sim... Vânia, nos tempos em que minha família
realmente tinha muito dinheiro e meu avô era vivo ele adorava ir à Savana
africana para caçar animais exóticos. Claro, na época não tinha essas leis
chatas de preservação a bicho feio e diferente, mas enfim. Eu nunca gostei de
caçar, como disse, odeio mato, mas ele, meu avô, me ensinou a atirar e caçar
animais.
Vânia: E o que eu tenho a ver com isso?
Bárbara tira a arma da bolsa e
aponta para Vânia.
Vânia: O que é isso, Bárbara?
Bárbara: Como não temos leões, zebras e elefantes aqui na região,
resolvi caçar uma piranha que também é burra. Dois animais tipicamente
brasileiros em um só.
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GANCHO: HIGHWAY TO HELL (AC/DC) ----------------------------
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