DESTINO - Capítulo 22: Divórcio






Manoel: É isso mesmo que você ouviu. Eu não aguento mais o quanto o nosso relacionamento me faz mal.
Bárbara: Você, novamente, está colocando a culpa em mim?
Manoel: Bárbara, não se trata de culpado ou vítima, nós, está me entendendo? Nós dois deixamos as coisas chegarem a este patamar. Eu não quero te culpar, eu só quero seguir meu caminho sozinho.
Bárbara: Sozinho ou ao lado de uma vadia qualquer?
Manoel: Chega, Bárbara! Para de achar que o inferno são os outros!
Bárbara: Você não vai se ver livre de mim, Manoel Pierini! Não vai!
Manoel: Já que você quer que as coisas sejam assim, então elas serão. Eu vou arrumar uma mala e outro dia venho buscar o restante das coisas. Te encontro na presença de um advogado seu.
Manoel sobe para o quarto e é seguido por Bárbara que não acreditava que, finalmente, o marido estava tomando aquela atitude drástica.
Bárbara: Manoel, volta aqui!
Manoel desce com a mala e Bárbara num surto de humilhação acaba se ajoelhando e suplicando para Manoel que ele não vá embora.
Bárbara: Por favor, Manoel. Eu juro que melhorarei se você ficar. Eu te amo, apesar de tudo.
Manoel: Ama? Você ama me possuir, Bárbara! E para com essa cena que tá me dando vergonha.
Bárbara: A gente tem uma história juntos! Casa e filha, além de tantos momentos bons.
Manoel: Uma casa que você não valoriza, uma filha que você desdenha e momentos bons que já fazem anos que não temos. Vai ser melhor pra gente, Bárbara. No futuro você vai me agradecer.
Bárbara: Volta aqui! Manoel! Voltaaaaaaaaaaaaaa....
Gritando já na calçada e com Manoel saindo com o carro, Bárbara se vê cercada de pessoas que passavam pela rua na hora.
Bárbara: Estão olhando o que? Bando de maria fofoqueira!
Humilhada, ela grita com as pessoas e volta para casa chorando e se descabelando de raiva, prometendo acabar com um possível relacionamento entre Manoel e Iná e jurando que eles nunca saberiam da existência de Lívia.

No hospital Ângela Veríssimo Tatiana se preparava para bater seu ponto e sair do hospital. Quando estava saindo da sala dos funcionários ela dá de cara com Bruno.
Bruno: Indo embora já, Tatiana?
Tatiana: Está na hora, né, senhor Bruno?
Bruno: Não acredito quer você me chamou de senhor! Quantos anos você tem?
Tatiana: 23 quase 24.
Bruno: E eu tenho 28. Até parece que sou um ancião.
Tatiana: Desculpa, falo mais por respeito mesmo.
Bruno: Que bom, achei que você me via como um velho mal cuidado.
Tatiana: Não, longe disso. (diz Tatiana com voz e olhar provocante)
Bruno: Aproveitando, quero uma opinião feminina. Acha que eu estou bem? (diz Bruno levantando parte da camisa e mostrando o abdominal e peitoral para Tatiana).
Tatiana: Acho que está perfeito. Mas, pra dar um parecer mais preciso eu precisaria averiguar o conteúdo inteiro, se é que me entende.
Bruno: No momento em que você quiser.
Tatiana: Olha... isso não poderia parecer assédio sexual?
Bruno: Não se você aceitar também.
Tatiana: Bom, mas pra isso precisaríamos de tempo e lugar, então, até uma próxima, Bruno.
Bruno pega Tatiana pelo braço, a prensa contra a parede e olhando fixamente fala:
Tatiana, agora na minha sala para uma hora extra remunerada.
Tatiana: Sim, senhor Bruno.
Dizendo estas palavras, Tatiana e Bruno entram na sala dele e começam a tirar a roupa.
Tatiana: Não vai acender a luz?
Bruno: Não se preocupe, dona Tatiana, para onde eu preciso chegar eu conheço bem o caminho, posso ir pelo escuro mesmo.
Dizendo isso os dois, ali mesmo na sala de Bruno, transam por mais de uma hora. Tatiana recebe várias mensagens de sua mãe no whatsapp, pois estava demorando a chegar em casa, mas com o tesão momentâneo ela acaba por ignorá-las.



Ao chegar em casa, depois de ser levada por Bruno, recebe um puxão de orelha de Vera.
Vera: Adianta ter um celular se não usa? Por que não me respondeu?
Tatiana: Desculpa, mãe. Estava fazendo hora extra a pedido do Bruno.
Vera: E custava ter me respondido assim que saiu do hospital? Eu estava super preocupada. Liguei pro seu irmão e ele me disse que não tinha te encontrado hoje no hospital.
Tatiana: Claro, eu fiquei atualizando tabelas para o Bruno a maior parte da tarde, trancada na sala dele. Dona Vera, a senhora está com raiva?
Tiago: Ela brigou com o namorado.
Vera: Ele não era meu namorado, caramba!
Tatiana: Namorado? Conta o babado que eu não estou sabendo!
Tiago: Sabe o pai da Ellen, aquela minha amiga da faculdade?
Tatiana: Sim, a sapatão. Mas a sapatão pobre ou a bem de vida?
Tiago: Não gosto desses termos que você usa, mas é a bem de vida. Pois então, o pai dela conheceu a mãe por acaso no Centro e os dois se tornaram amigos e estavam quase namorando, mas foi só a mãe descobrir que ele era casado no civil com a mãe da Ellen, aquela que me humilhou no jantar, que ela rompeu com ele. Mas, eu já disse que o Manoel é gente boa e não tem nada a ver com a Bárbara.
Tatiana: Gente boa e com grana, certo? Mãe, depois de anos encalhada a senhora encontra um marido legal e com dinheiro e vai desistir por causa de uma perua histérica? Por favor, dona Vera.
Vera: Tatiana, não sou como você e o Mateus, eu tenho princípios e não vou voltar a falar com o Manoel até ele se resolver com aquela mulher.
Tatiana: Pois utilize os seus princípios e lute pela sua felicidade! Poxa, uma mulher que criou três filhos sozinha depois que o marido foi preso injustamente e morreu na cadeia vai desistir de um cara que vale a pena na primeira dificuldade? Cadê aquela mulher batalhadora, dona Vera? Pensa bem, mãe.
Dizendo isso, Tatiana vai para o quarto enquanto Vera fica pensativa mais uma vez.

Quem também estava pensativa, mas do outro lado da cidade, era Bárbara que resolve acelerar o plano e dá sinal verde para Vânia se colocar no caminho de Lívia.
Bárbara: Alô, Mateus?
Mateus: Bárbara, você sabe que horas são? Até a Lívia que dorme mais tarde já está dormindo e a sua sorte é que eu estava vendo jogo da libertadores. O que você quer?
Bárbara: Amanhã mesmo a Vânia entra em ação.
Mateus: E me diz como será o encontro tocante entre mãe e filha.
Bárbara: Eu averiguei que o hospital contrata as copeiras por meio de uma terceirizada.
Mateus: Sim, e daí? Tá resolvendo começar a trabalhar de verdade já que a arquitetura não é o seu forte?
Bárbara: Não, trabalho assim mais braçal eu deixo pra gente da sua estirpe. Agora, pare de gracinha e me escuta, garotão! Já está tudo esquematizado e indiquei a Vânia para esta empresa, claro, com os documentos falsos. Gente que conheço a encaixou lá, como ela tem experiência como empregada, mostrou ter domínio do serviço. Amanha mesmo ela será remanejada para o Ângela Veríssimo. O resto você já imagina.
Mateus: Muito bem, Babinha. Ótimo trabalho.
Bárbara:  Babinha? Você acha que eu sou tuas amigas, é?
Mateus: Mais do que minha amiga, você é minha cumplice. E agora desliga o telefone e vá dormir porque o jogo aqui na TV acabou e eu não tenho mais desculpa pra ficar fora do quarto.
Bárbara: Tchau e não se esqueça de me contar as novidades.

No dia seguinte, Vânia chega como Maria do Socorro e se apresenta a Bruno e Mateus.
Vânia: Bom dia, sou Maria do Socorro e fui enviada pela terceirizada pra trabalhar aqui.
Bruno: Claro, dona Maria. Vou lhe apresentar o hospital. Este é o Mateus, diretor geral do hospital.
Vânia: Olá, senhor Mateus. O seu rosto me é familiar.
Mateus: E o seu também é, deve ter me visto por aí.
Bruno: Bom, vou levar você para onde nossos funcionários tem armário. Depois, lhe passo as instruções.
Vânia: Tudo bem. Até Mais, senhor Mateus. (Diz Vânia, dando uma risadinha de leve).
Pouco tempo depois, Lívia, com a barriga já grande, grávida de seis meses, encontra Mateus.
Mateus: Amor, temos funcionários novos no hospital.
Lívia: É? Mas em quais setores?
Mateus: Na copa e na segurança. Na segurança entraram dois seguranças a mais que pedi por conta do assalto ao hipermercado que fica na quadra de cima. Estou achando que a região aqui tem ficado perigosa. Na copa entrou uma senhora no lugar da dona Carmem que faleceu semana passada.
Lívia: Nem me lembre. Fiquei arrasada. Ela era a última funcionária não terceirizada do hospital. Começou a trabalhar aqui quando eu ainda era bebê. Que Deus a tenha. Depois eu vou conversar com os novos funcionários.
Mateus: Você sempre querendo conhecer de perto todos daqui, né? Por isso que eu te amo.
Mateus beija Lívia e os dois se despedem, sendo que cada um vai para alas diferentes do hospital.

Algumas horas depois Vânia adentra a sala de Mateus.
Vânia: Olá, doutorzinho. Quer uma xícara de café?
Mateus: O uniforme que a terceirizada te deu é bem melhor do que as roupas que você veste.
Vânia: Depois que eu tiver recebido a grana de dois amigos meus que me devem um favor, vou poder comprar roupas melhores, patrãozinho.
Mateus: Vamos ao que interessa. Primeiro a xícara de café, sem açúcar.
Vânia: Está na mão.
Mateus: Nossa, teu café é bem forte. Gosto disso. Bom, falando o que realmente importa, você vai agora na sala da Lívia e vai oferecer café ou chá. Ela gosta mais de chá, mas foda-se, o que interessa é que do jeito que ela ama uma periferia, ela vai querer saber da sua vida. É aí que você se apresenta, Maria do Socorro.
Vânia: Gosta tanto de uma periferia que foi casar justamente com o bolsista da faculdade. Bom, pode deixar, já estou indo lá, apenas vou deixar essas bolachas na sala do Bruno.

Vânia passa na sala de Bruno e sem bater, entra levando as bolachas.
Vânia: Boa tarde, senhor Bruno. Aqui estão as bolachas maizena que o senhor pediu. Meu Deus!!!
Bruno estava beijando Tatiana e ela estava no colo dele. Os dois rapidamente se recompõem e Bruno todo sem jeito fala.
Bruno: Pode deixar em cima da minha mesa, dona Maria.
Tatiana: Com licença, Bruno. Vou levar estes papéis para a sala do Mateus.
Vânia: E eu vou levar café e chá pra dona Lívia.
Bruno: Por favor, não comente nada disso com ninguém, especialmente com o Mateus e a Lívia.
Vânia: Olha, doutor, aqui eu só trabalho, não vejo nada além das minhas tarefas. Pode ficar despreocupado. Com licença.

Finalmente Vânia chega à sala de Lívia, mas dessa vez ela bate e recebe o aval de Lívia para entrar em sua sala.
Vânia: Com licença, dona Lívia. Vim trazer um café ou chá pra senhora.
Lívia: Muito obrigada, quero um chá com adoçante. Tem sucralose?
Vânia: Tem sim. Quantas gotas?
Lívia: Duas está ótima, não gosto de perder o gosto dos alimentos com muito sal ou açúcar.
Vânia: Eu também não, gosto de sentir o sabor dos meus temperos. Aqui está seu chá.
Lívia: Você deve ser a nova copeira, né? A que entrou no lugar da dona Carmem.
Vânia: Eu mesma, prazer.
Lívia: Prazer. Qual é o seu nome?
Vânia: Maria do Socorro.
Lívia fica atordoada e boquiaberta com o nome da nova copeira.

Postar um comentário

0 Comentários