CENA 01. AVENIDA PAULISTA. EXT. DIA
SONOPLASTIA: “WAIT” – MAROON 5 (CHROMEO REMIX)
PLANO ABERTO
mostrando toda a extensão da Paulista. Uma grande competição ciclística
acontecendo. CORTES DESCONTÍNUOS da corrida. CLOSE em MARCELO, que pedala
vorazmente em sua bike. Está na dianteira. Em segundo plano, SÉRGIO, pedalando
algumas colocações atrás do companheiro.
Entre a
multidão de espectadores, CÂM vai buscar IRENE e MARIÓN. Ambas nervosas e
atentas a corrida. Conversam entre si.
CORTA para a
corrida. Momentos finais. Um ciclista alcançando Marcelo. Ele olha pelo
retrovisor da bicicleta. Acelera os movimentos. Vai se aproximando da linha de
chegada. Público vibra. Marcelo ultrapassa e ganha a competição.
LOCUTOR
– (OFF) Marcelo Mesquita é o novo campeão da Copa Brasil de Ciclismo!
CORTA para o
pódio, onde Marcelo recebe o troféu em primeiro lugar. Estoura champanhe.
Imprensa registrando com flashes. Ele sorridente. Sérgio de canto, olhando com
inveja. Aplausos do público. Marcelo ergue a taça de campeão.
CENA 02. BAVIERA BAR. INT. DIA
SONOPLASTIA
AMBIENTE. Quatro copos de Chopp são erguidos em um brinde.
IRENE – Ao melhor ciclista que esse Brasil já teve!
MARCELO – Que exagero, Irene!
IRENE – Mas é verdade, meu amor. Deixou os outros competidores comendo
poeira! (Á Sérgio) Desculpe, honey, mas é fato!
SÉRGIO – (Sorriso amarelo/ concorda) O Marcelo realmente merece a
comemoração. Quando crescer, quero ser igual!
Marcelo brinca
com Sérgio, que disfarça a irritação. Marión agarra o marido.
MARIÓN – Não importa o prêmio, porque você já é meu campeão, príncipe!
SÉRGIO – (Desconfortável) Marión, para! Os outros tão olhando!
Sérgio empurra
Marión que se chateia, faz biquinho empurrada. Irene ri.
IRENE – Que tal uma comemoração lá em casa?
MARCELO – Ah não, Irene. Eu tô cansado pra
festas. Quero descansar!
IRENE – Como se o seu pai deixasse. Dona Helena já me mandou
mensagem, queridinho, vai ter a maior festa pro filhinho campeão hoje a noite!
MARCELO – (Bufa) Ninguém merece! Minha mãe
sempre exagerando!
SÉRGIO – (Sorri) Ninguém mandou nascer campeão!
Marcelo dá um
sorriso amarelo. Sérgio encarando com inveja. Marión e Irene rindo entre si.
CENA 03. CASA FAMÍLIA RODRIGUES. ESPAÇO
CASA DA CRIANÇA. INT. DIA
SONOPLASTIA: “ERA UMA VEZ” – KELL SMITH
PLANO ABERTO
mostrando o casarão da família que reserva um espaço, onde há crianças e pré
adolescentes de idades variadas. Paredes com cartazes, desenhos e pinturas.
Alguns instrumentos musicais mais gastos, entre brinquedos e outros artigos de
material reciclável. Espaço arejado e iluminado, mas um pouco antigo.
CORTA para
ANDRÉIA que ensina para as crianças uma técnica artística. Desenha na tela,
enquanto segura uma paleta de cores na outra. CORTES DESCONTÍNUOS das crianças
pintando em suas folhas. Andréia animada os auxiliando, sempre sorridente.
GABRIEL
– (OFF) Essa minha filha é um orgulho!
CENA 04. CASA FAMÍLIA RODRIGUES.
COZINHA. INT. DIA
GABRIEL
sentado tomando café. RITA servindo bolo.
RITA – Tô pra conhecer menina mais dedicada que a nossa
Andréia. Trabalha naquele Centro Cultural e ainda ajuda no Projeto das crianças
sem cobrar nada.
GABRIEL – E como o tempo passa rápido! Vai
casar!
RITA – Foi bom ter falado nisso. Eu preciso ir na dona Maria
buscar os salgados. Bendita hora que eu inventei de dar esse jantar de
casamento antes mesmo da cerimônia!
GABRIEL – Paciência se não deu pra fazer um
festão pra ela e pro Luciano!
RITA – Tereza bem que deveria ter colaborado né. Andréia é
nossa filha, mas o Luciano é filho dela. Deveria ter rachado as despesas!
GABRIEL – Coitada da Tereza, Rita! Passando
sufoco desde a morte do marido também.
RITA – (Levanta irritada) E você com essa mania de sentir dó de
todo mundo, ainda vai ser canonizado, Gabriel!
GABRIEL – Não é sentir dó. É ter empatia,
diferente! Tenho tanta que vou procurar a Fernanda pra ela ir no seu lugar lá
pegar os salgados. Descansa um pouco!
RITA – (Gargalha) A Fernanda? Olha, essa eu pago pra ver! Se
você fizer realmente que ela colabore nesse casamento, eu mesmo envio sua
proposta de santificação pro Vaticano!
Gabriel ri
achando graça. Rita pensativa.
CENA 05. CASA FAMÍLIA RODRIGUES.
CORREDOR. INT. DIA
FERNANDA sai
de seu quarto, usando fone de ouvido. Música alta. Vem andando pelo corredor
até passar pelo quarto de Andréia. Vê a porta entreaberta, olha para os lados e
entra.
CENA 06. CASA FAMÍLIA RODRIGUES. QUARTO
ANDRÉIA. INT. DIA
Fernanda com o
olhar fixo em um manequim, onde está o vestido de noiva de Andréia. Ela se
aproxima lentamente, passa a mão pelo tecido. Amassa um pouco, olhos vermelhos quase
chorando de raiva. TENSÃO. Olha para a penteadeira e vê em uma caixinha, uma
tesoura. Pega a tesoura e se aproxima do vestido.
RENATO – (Entrando/ Chama) Déia?! (Encara Fernanda) Fernanda? Que
cê tá fazendo aqui?
Fernanda
disfarçadamente deixa a tesoura sobre uma cadeira ao lado do manequim.
FERNANDA – (Nervosa/ Disfarça) Vim falar com a
minha irmã, mas acho que ela ainda tá no Projeto.
RENATO – Hum, sei.
FERNANDA – Agora tenho mais o que fazer. Dá
licença!
RENATO – Ah, antes que esqueça, tio Gabriel tá te procurando.
Quer que você ajude a tia em um negócio do casamento.
Fernanda ri
debochada.
FERNANDA – Eu? Ajudar em que? A levar as
alianças pra Andréia e pro Luciano? Me poupe!
RENATO – Eu não entendo essa sua má vontade nesse casamento.
Poxa, a Andréia é sua única irmã, meu. Será que você não consegue ficar feliz
por alguém que não seja por você mesma uma vez na vida? Se toca!
Fernanda
encara Renato com raiva, o empurra e sai do quarto. Renato fazendo negativa com
a cabeça.
CENA 07. SÃO PAULO. CENTRO. EXT. DIA
SONOPLASTIA: “ALMA DE PIPA” – TRIBO DA PERIFERIA
PLANO ABERTO
no Centro da cidade. Movimentação agitada no trânsito. CORTA para um prédio
antigo, de ocupação. Um grupo de jovens por ali, conversam com alguns moradores
do prédio. Entre os jovens, destacamos DUDA. Ela grava com o celular a ocupação
do pessoal no prédio.
CORTA para
Duda e mais alguns jovens na parte alta do prédio, grafitando algumas coisas na
edificação. Duda terminando de grafitar uma frase. CAM se distancia e revela
grafitada na fachada do prédio ocupado: “Com
quantos pobres se faz 1 rico?”.
JORGE
– (OFF) Você perdeu o juízo, Maria Eduarda?
CENA 08. MANSÃO ALBERTINI. SALA. INT.
DIA
Duda revoltada
andando na frente. JORGE mais atrás, furioso.
JORGE – Me fazer desmarcar as consultas pra te tirar de uma
delegacia? Arruaça, Eduarda?
DUDA – Nossa! Que exagero, hein! São pensamentos coxinhas assim
iguais os seus, que aquela polícia porca se intrometeu em uma causa que nem era
deles. Aliás, segurança pública aquele povo nunca viu né? Mas pra tirar gente
pobre e honesta de prédio DESOCUPADO, eles vão correndo! Esse país realmente tá
uma merda!
JORGE – Ainda é militante! Militante de fachada. Defende pobre,
mas mora em mansão. Isso você contou pros seus amiguinhos comunistas?
DUDA – (Ri) Comunismo! Pai, olha o que você tá falando! Isso é
ridículo. E não sei se o senhor sabe, mas pra defender alguma causa ou alguma
minoria, eu não preciso estar inserida nela, basta eu me identificar com a
causa e ter o mínimo de bom senso. Aliás, tá faltando em muita gente né!
Duda vai
subindo as escadas. Jorge inconformado.
JORGE – Vai mesmo pro seu quarto! Tá de castigo!
Duda se vira e
começa a rir.
DUDA – Castigo? Sério?! Pai, o senhor é ridículo! Ah, antes que
eu esqueça: Não pedi pra ninguém desmarcar consulta nenhuma. Da próxima vez,
deixa que a comuna aqui se vira!
Duda segue
para o quarto. Em Jorge bufando de raiva.
CENA 09. SÃO PAULO. EXT. NOITE
SONOPLASTIA: “THUNDER” – IMAGINE DRAGONS
Sequência de
pontos da capital paulista em imagens noturnas. Trânsito ainda pelas principais
avenidas e movimentação em bares, restaurantes e baladas. Última sequência na
fachada da mansão da família Mesquita.
CENA 10. MANSÃO MESQUITA. JARDIM. EXT.
NOITE
SONOPLASTIA
CONTINUA. Festa rolando nos jardins da mansão. Algumas mesas dispostas, bar
funcionando com garçons servindo. Pessoas circulando, rindo, conversando e
tirando fotos. CORTES DESCONTÍNUOS da recepção dada por HELENA, linda e
elegante em um vestido azul marinho cintilante. Em uma roda de amigos está
EUGÊNIO, ao lado de Marcelo. Conversam em off. Eugênio orgulhoso do filho
andando com ele pela festa.
CORTA para
Irene e Marión conversando enquanto bebem um drink.
MARIÓN – Mas o Sérgio comentou comigo que o Marcelo não quer ir
nessa viagem a Campos do Jordão.
IRENE – O de sempre né, alegando cansaço! Ah, mas ele vai! Ele
não, a família inteira! Pode apostar!
MARIÓN – E posso saber como você vai conseguir esse milagre,
Santa Irene?
Irene encara Marión
e dá um sorriso debochado. Procura com os olhos por ali e chama o filho VITOR,
que corre até ela.
VITOR – Que foi mamãe?
IRENE – Filho, eu quero que você faça um favor pra mamãe. Quero
que você peça pro papai agora nas suas férias da escola, que leve você para
andar de bicicleta na Serra. Que tal?
VITOR – Na Serra, mamãe? Mas porque tão longe?
IRENE – (Impaciente) Faz isso que a mamãe tá pedindo, Vitor.
Esse fim de semana, tá bom?
Vitor acena
que sim com a cabeça. Em Marión prestando atenção.
CORTA para
Eugênio, Marcelo e Helena em uma roda de amigos.
MARCELO – Um exagero dar uma festa por isso,
dona Helena!
HELENA – Você acha que eu realmente iria perder a oportunidade de
esfregar na cara de todos os nossos amigos e inimigos, a vitória do meu único
filho?! Jamais no Brasil!
MARCELO – Entendi. Mais uma oportunidade pra
ser notícia em blog social. Saquei!
EUGÊNIO – Meu filho, não seja ingrato. Eu
concordo dessa vez com a sua mãe. Todos os nossos amigos falaram nas nossas
costas quando você resolveu negar o seu cargo de herdeiro na construtora e ir
andar de bicicleta/
MARCELO – (Corta) Pai, nós já falamos sobre
isso/
EUGÊNIO – (Fala por cima) Inúmeras vezes e eu
respeito as suas escolhas! Definitivamente não era o que eu queria pra você,
mas pelo menos, está rendendo frutos! Olha só esse prêmio!
HELENA – (Sorridente) Nosso campeão!
Helena abraça
o filho e acena chamando um fotógrafo. Ele tira vários flashes da família
sorridente. Marcelo ainda desconfortável. Helena espalhafatosa.
CORTA para a
mesa de Marcelo, sentado com Irene, Vitor, Marión e Sérgio.
SÉRGIO – Tudo pronto então pra nossa viagenzinha de fim de semana
amanhã pra Campos?
MARCELO – Me inclua fora dessa!
MARIÓN – Ah, Marcelo, mas porque?
MARCELO – Esses últimos dias de treino antes da
competição me sugaram toda a energia!
VITOR – Papai, agora que chegou as minhas férias da escola, eu
queria tanto que o senhor me ensinasse a andar de bicicleta. O senhor prometeu
que quando eu crescesse eu ia ser um campeão igual você!
Marcelo tocado
olhando o filho. Irene sorri para o marido. Marcelo afirma que sim com a
cabeça.
MARCELO – Tudo bem, meu filho. Vamos então a
Campos do Jordão! Devo isso a você também!
Vitor comemora
e olha para Irene que sorri para o filho e dá um selinho no marido. Depois se
vira para Marión e pisca o olho, vitoriosa.
CENA 11. CASA FAMÍLIA RODRIGUES. SALA.
INT. NOITE
SONOPLASTIA
AMBIENTE. Estão reunidos na sala: Gabriel, Rita, Renato, TEREZA, LUCIANO, JOYCE
e Andréia.
TEREZA – Eu nem acredito que esse casamento já é amanhã. Só de
pensar me dá um frio na barriga!
RITA – Frio na barriga? Mas quem tem que sentir esse frio na
barriga são os noivos, Tereza.
GABRIEL – Rita, deixa de ser implicante! Vocês
duas também podem sentir esse frio. São mães dos noivos. Olha, confesso até eu
que sou o pai da noiva, tô nervoso.
ANDRÉIA – (ri) Pai, amanhã o senhor vai ser
estrela entrando comigo naquela igreja. Vou ter que me cuidar pro senhor não
chamar mais atenção que eu!
LUCIANO – Ah, mas disso eu duvido. Ninguém é
mais importante naquele casamento que você meu amor!
Os dois se
beijam apaixonados.
TEREZA – Ai, mas não é lindo um casal apaixonado?
JOYCE – Tô ficando enjoada com tanta melação.
GABRIEL – Ah, Joyce. Uma menina tão bonita como
você, vai dizer que não tem nenhum namoradinho. (Olha p/ Renato) Vive andando
com o Renato pra baixo e pra cima, vai dizer que nunca rolou nada, como vocês
dizem?
RITA – Gabriel!
JOYCE – (Ri) Com o Renato?!
RENATO – (Desconfortável) Joyce! Fica quieta!
Joyce rindo.
Todos se entreolham sem entender. Renato desconfortável.
LUCIANO – Mas cadê a minha cunhadinha querida?
Não vai jantar com a gente?
RITA – Tá no quarto. Aliás, vou chamar ela.
Luciano se
apressa e levanta na frente.
LUCIANO – Deixa que eu vou! Quero incomodar a
Nanda um pouco. Gosto de ver ela estressada!
ANDRÉIA – É incrível! A Nanda e o Luciano tem
essa birra mortal um com o outro.
LUCIANO – (ri) Vou chamar a fera!
Luciano sai.
Rita olha uma câmera nas mãos. Não consegue ligar.
RITA – Essa câmera velha pra tirar foto. Tá sem bateria já!
TEREZA – Hoje em dia nem se usa mais câmera assim, Rita. Tá
ultrapassada! Todo mundo usa o celular. Tão mais prático!
Rita faz cara
de poucos amigos para Tereza e levanta.
RITA – Vou deixar essa câmera lá dentro. É velha, ultrapassada,
mas é minha!
Rita manda um
sorriso amarelo para Tereza e sai. Em Gabriel rindo.
CENA 12. CASA FAMÍLIA RODRIGUES. QUARTO
FERNANDA. INT. NOITE
Fernanda de
frente para um espelho. Em segundo plano, Luciano abre a porta e entra. Deixa a
porta entreaberta. CAM DETALHA.
FERNANDA – (Surpresa) Luciano?! Tá fazendo o que
aqui?
LUCIANO – (Sorri) Adivinha!
SONOPLASTIA: “PEQUENA MORTE” – PITTY
Os dois
sorriem um para o outro. Sem muita demora, os dois se agarram e se beijam com
vontade.
LUCIANO – Tava morrendo de saudade dessa tua
boca gostosa!
FERNANDA – (Ofegante) Você é louco!
LUCIANO – Sou sim! Louco por você! Vem cá, vem!
Luciano joga
Fernanda na cama e a beija com tesão.
CENA 13. CASA FAMÍLIA RODRIGUES.
CORREDOR. INT. NOITE
TENSÃO. Rita
vem pelo corredor quando escuta um barulho de risada vinda do interior do
quarto de Fernanda. Ela se aproxima e olha a porta entreaberta. Do seu ponto
de vista: Fernanda e Luciano se beijando sobre a cama.
SUPER CLOSE de
Rita. Reação chocada.
FIM DO CAPÍTULO 01
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