Reveja Web Mundi: Águas de Março - Capítulo 6

(Cena 01 - Galpão/Interior/Dia)
Jurema: Droga. Por que esse caralho não tá disparando?
(Karina ri novamente)
Karina: Puta que pariu, Jurema! Como tu és tão burra mulher?!
Jurema: O que você armou, sua jararaca?
(Karina tira uma nova arma da bolsa)
Karina: Pode ir dando adeus a sua vidinha medíocre. Você realmente achou que seria tudo assim? Bonito e barato? Acorda! Quando eu quero ser mau, eu simplesmente sou! Eu te ofereci a opção de se contentar com a vida que tava levando, mas você se revoltou. Eu realmente não queria fazer isso, lindinha. Foi você que me forçou! Pede um último desejo...quem sabe eu posso realizar?
Jurema: Pelo amor de Deus, Karina. Faz o que quiser comigo, só não me mata.
Karina: Infelizmente esse eu não posso. Adeus sua bruaca. Queria que sua morte fosse lenta e dolorosa, mas acho que vou agilizar o processo.
(Karina acerta um tiro na cabeça de Jurema, um no peito e outro na barriga)


(Cena 02 - Casa de Malu/Interior/Dia)
Malu: Olha, Daniel, você nem imagina. Ele é gentil, lindo e super educado! E o melhor de tudo: Me chamou pra sair!
Daniel: Também, né?! Depois do acidente e tudo mais...
Malu: Nada a ver. Ele acabou tendo que saindo tarde do trabalho, e tava morto de sono. E você, hein? Quando vai arrumar uma gatinha?
(Daniel joga uma almofada em Malu)
Daniel: Deixa de ser tosca. Você sabe que eu não levo jeito pra essas coisas.
Malu: Hm, sei. E a Alice?
Daniel: A Alice é só amiga, igual você.
Malu (rindo): Sei.

(Cena 03 – Ômega/Estacionamento/Exterior/Dia)
(Cecília está saindo do carro, quando é puxada por Marcos)
“Ai”
Cecília: Quem é você? O que você quer comigo?
Marcos: Já esqueceu de mim tão rápido assim?
(Cecília solta um som de surpresa)
Cecília: O que você quer aqui?
Marcos: Quero que você me explique direito essa história. Então quer dizer que a San Martín fica quase o mês todo sem água por causa do seu pai e do seu marido?
Cecília: O quê? Você tá bêbado, cara? Eu vou trabalhar. É melhor me deixar em paz, ou eu chamo os seguranças.
Marcos: Chama, chama mesmo. Aí a gente aproveita e vai até a delegacia pra falar das falcatruas que o seu pai e o seu parido estão aprontando. É isso que você quer?
Cecília: Ok, olha, me encontra daqui a 10 minutos numa lanchonete que fica entrando na segunda direita aí na frente. Daqui a pouco eu chego lá, agora me larga.
(Corta para: Lanchonete/Interior/Dia)
(Cecília entra e senta na mesa em que Marcos está.
Cecília: O que você quer de mim?
Marcos: Eu quero que você me explique isso tudo. Seu marido tá roubando dinheiro do povo de San Martín?
Cecília: Ué, como eu vou saber? Eu nem trabalho na prefeitura.
Marcos: É melhor você abrir o jogo logo, ou eu vou perder a paciência. Eu me lembro muito bem que foi isso que você me disse ontem.
Cecília (respira fundo): Você não pode contar o que eu vou falar aqui pra ninguém. Ou você vai estragar a vida do meu filho. O meu Pai é dono da Ômega, e se tornou prefeito da cidade em 2004, tornando a Ômega a empresa que fornece água para a cidade e o meu marido, que é o Pedro, prefeito da cidade, o novo presidente da Ômega. San Martín é um lugar muito grande, uma das maiores favelas da cidade, e tinha um grande consumo de água.
Marcos: E não tem mais.
Cecília: Exato. Vocês estão recebendo pouquíssima água por mês, mas continuam pagando impostos, o que gera um bom proveito pro meu pai, já que a Ômega recebe pelo trabalho, mas não trabalha. Na verdade...eu desconfio que o meu pai e meu marido fizeram uma sabotagem no encanamento em San Martín pra o fluxo de água diminuir muito, entendeu?
Marcos: Meu Deus do céu? Você é filha de um monstro e casada com o demônio. Você não se sente mal com isso não?
Cecília: Me sinto péssima, mas eu tenho que pensar no meu filho. E aí, o que você vai fazer? Denunciar meu marido e meu pai e acabar com minha família?
Marcos fica pensativo um tempo e depois fala: Não. Quem vai consertar o erro do seu pai é você.
Cecília: E o que você quer que eu faça? Dar lição de mora nele?
Marcos: Você é engenheira, não é?
Cecília: Sou.
Marcos: Então por que você mesma não conserta essa sabotagem?
Cecília (alegre): Meu Deus! Por que eu nunca pensei nisso? A gente vai consertar isso agora mesmo.

(Cena 04 – ONG/Exterior/Dia)
(Rodolfo entra na ONG subindo o muro e entrando pela janela. Amir está brincando com as outras crianças)
Rodolfo: Você aqui, Amir?
Amir: Rodolfo!
Rodolfo: Anda, você vem comigo agora.
Amir: Eu não quero ir!
(Todos escutam o barulho do portão se fechando, e Rodolfo vê Malu)
Rodolfo: Anda, logo. Pula pela janela ou todos os seus amiguinhos vão sofrer.
(Amir larga o brinquedo, e pula pela janela, caindo em um lugar com várias folhas. No momento em que Malu entra na sala, ela vê Rodolfo pulando a janela)
Malu: O que aconteceu aqui?

(Cena 05 – Ômega/San Martín/Interior/Dia)
(Cecília termina de fazer o conserto)
Cecília: Pronto. Acabei com tudo.
Marcos: Mas já? Era só isso e ninguém percebeu?
Cecília: Da minha parte, eu posso dizer que meu pai nunca me permitiu dar uma olhada aqui em San Martín. Recentemente foi que consegui entrar sem a permissão dele e descobri tudo isso.
Marcos: Muito obrigado por tudo.
Cecília: Foi mais que minha obrigação.
(Se cumprimentam com beijos na bochecha e acabam ficando corados. O celular de Marcos toca)
Marcos: Alô...tá Malu, já tô indo aí.
Cecília: O que aconteceu? Você parece preocupado.
Marcos: Um garoto da minha ONG foi raptado.
Cecília: Nossa, que triste! Você quer que eu vá com você?
Marcos: Não, obrigado. Fica aqui perto.
Cecília: Então tá. Obrigada por confiar em mim, viu?
Marcos: Que nada! Eu não quero nem imaginar como eu ficaria no seu lugar.
(Se despedem novamente com beijos na bochecha, e coram)

(Cena 06 – Hospício/Interior/Dia)
(Uma mulher vai servir o café da manhã pra Janaína, mas ela pega a bandeja e usa como arma, dando uma pancada pra ela desmaiar. Janaína sai do quarto com a roupa da enfermeira, e sai andando)
Enfermeiro: Ei garota, o que você tá fazendo com esse uniforme? Você trabalha aqui?

Janaína: Olá, eu sou novata. Você poderia me ajudar? Eu tô procurando o quarto onde vocês colocam remédios...você pode me mostrar onde é?
Enfermeiro: Sério? Sou novato também, estou aqui há apenas 1 semana.. Vem cá, eu te mostro onde ficam os remédios. Estranho (rindo)...tenho a impressão de ter te visto por aqui.
(O enfermeiro leva Janaína pelos corredores até uma sala)
Janaína: Só estive aqui na sexta, procurando por emprego.
Enfermeiro: Ah, ok. É aqui onde ficam os medicamentos.
Janaína solta um grito e diz: Olha, eu sei que tudo aqui é bem limpo, mas eu tive a impressão de ver um rato ali.
Enfermeiro: Onde?
Janaína: Ali naquela prateleira do final.
(Enquanto o enfermeiro vai verificar se há algo de errado, Janaína o tranca e vai embora do hospício. Na saída, tira o crachá da assistente que atacou e colocou no bolso, usando-o para atravessar uma catraca)

(Cena 07 –  ONG/Exterior/Dia)
(Marcos entra desesperado)
Marcos: O que aconteceu, Malu?
Malu: O Amir foi sequestrado, Marcos.
Marcos: Que droga! A gente tem que fazer um BO. Esse menino não pode ficar por aí às soltas.
Malu: Melhor seria se ele estivesse só, Marcos. Quando eu cheguei, eu vi a cara do homem que sequestrou ele, e parecia bem perigoso.
Marcos: O quê? Você ainda lembra? A gente pode conseguir descobrir quem ele é na delegacia. Eu vou pedir pra u
Marcos: Eu vou na delegacia e você fica aqui com as crianças.
Malu: Ok.
(Marcos sai, e Malu vai atender o telefone)
Malu (sorrindo): Oi, Alex...hoje à noite? Pode ser...Ok, beijo, te espero...
(Malu fica sorrindo para si)

(Cena 08 – Hospício/Interior/Dia)
Karina: Oi, sou eu de novo. Você não viu a Jurema por aí não?
Recepcionista: Não, ela se demitiu...viajou pra Paris. Não sabia não?
Karina: Que coisa, ela nem me contou...enfim, vim fazer uma visita àquela paciente que eu e meu marido visitamos de vez em quando, sabe? Pode ser?
Recepcionista: Ok, qual o nome completo dela?
Karina: Janaína Pereira Castanho.
(A recepcionista olha com cara de decepção para Jurema)
Karina: Que cara horrível é essa menina?
Recepcionista: Eu ia ligar agora para comunicar o seu marido...
(A recepcionista mostra um papel à Karina)
Recepcionista: A Janaína fugiu hoje pela manhã. Inclusive ela deixou um enfermeiro trancado no quarto dos medicamentos, e uma enfermeira desmaiada no quarto dela.
Karina: O quê? Ela é doida...não tem juízo pra isso...
Recepcionista: Senhora, mil desculpas...
Karina: Eu vou PROCESSAR esse hospício! Que mal atendimento o de vocês, hien? E para com esse “Senhora, mil desculpas...”. Sabe o que eu mais detesto na minha vida além do fato de não ter 2k de caviá na minha mesa todo santo dia? Voz de recepcionista.
(Karina vai embora do hospício)
Karina (pensando): Maldita Jurema...nisso tem dedo dela aposto...tomara que esteja queimando no inferno nesse momento.

(Cena 09 – Imagens do entardecer no Rio de Janeiro)
(Corta para: San Martín/Beco/Exterior/Ocaso)
Rodolfo: Amir, escuta bem o que é pra você fazer. Se tu fizer algo errado, moleque, quando voltar vai se ferrar comigo. Tu vai deixar esse urso de pelúcia pra um vendedor de uma loja logo ali, presta bem atenção! Se aparecer polícia na hora, tu corre! Corre muito! Isso vai ser hoje amanhã, e tu não pode falhar nessa besteira, entendeu moleque?
Amir: Sim, tudo bem.
Rodolfo: É isso aí, agora não atrai muito movimento pras bandas de cá pra não chamar atenção.

(Cena 10 – Restaurante/Interior/Noite)
Ricardo: Cida, fica pra jantar comigo hoje.
Cida: Acho melhor não, Ricardo, dá ultima vez...
Ricardo: Esquece a última vez e fica hoje. Por favor, só hoje. Ultimamente eu tô tão sozinho...
Cida: Tá bem, eu fico.
Ricardo: Ótimo, vou separar uma mesa pra gente sentar.
(Algum tempo depois, Ricardo e Cida estão sentados com os pratos já servidos)
Ricardo: Me conta um pouco mais sobre você.
Cida: Sobre mim?
Ricardo: Ué, claro.
Cida: Minha vida não é interessante.
Ricardo: Talvez não seja pra você...
Cida: Eu cresci numa favela aqui no Rio, San Martín, eu sempre brincava por aí igual uma locona com meus amigos, sempre fui de arrumar barraco (rindo)...mas minha vida acabou ficando um pouco sem sal depois de um tempo (cara de angústia). Eu engravidei muito cedo, aos 17 anos...e o pior de tudo foi que meu noivo ficou paraplégico...e agora tá tudo tão complicado na nossa vida. O Gustavo, meu filho, simplesmente gosta muito mais do pai do que de mim, o resto...você já sabe...perdi o emprego e conheci você. Pronto. Essa é a superinteressante história da vida de Cida.
(Os dois riem)
Cida: E você? Me conte sobre sua vida...
Ricardo: Eu cresci na rua, junto com um grupo de flanelinhas...aí cresci e comecei a vender quentinha. Depois de perceber que já tava consolidado, fiz um restaurante e mudei de prédio umas três vezes até chegar aqui...pronto. Essa é a superinteressante história da vida do Ricardo.
(Riem novamente)
Cida: Tá ficando tarde...acho que é melhor a gente ir embora.
Ricardo: Ok, vamos.


(Cena 11 – Lanchonete/Interior/Noite)

(Malu e Alex estão conversando alegremente, enquanto comem e riem muito)

Malu: Você é ridículo, Alex! Socorro!

Alex (com voz do Mickey Mouse): Pois é, eu sei que sou sensacional!

Malu: Credooooo! Eu vou chorar de rir!

Alex (com voz do Faustão): Pois é, esse tal de Alex é caba bom! Você deveria dar uma chance pro garoto!

Malu (parando de rir repentinamente): Esse suco é delicioso, né?
Alex (com voz de Tiririca): O Alex também.
(Malu derrama suco e começa a rir mais intensamente)
Malu: Realmente, Tiririca, você deve estar certo!
Alex (encostando o rosto em Malu): Então deixa eu ter certeza.
(Malu e Alex se beijam)

(Cena 12 – Carro de Ricardo/Interior/Noite)
Cida: Tchau, muito obrigada pela noite.
Ricardo: Eu que agradeço.
(Cida e Ricardo dão beijos na bochecha, e coram)
(Corta para: Casa de Cida/Interior/Noite)
(Cida entra e as luzes ainda estão acesas)
Cida: Gabriel? Você ainda tá acordado, amor?
Gustavo: MÃE! SOCORRO!
(Cida corre até a cozinha e vê o corpo de Gabriel jogado no chão com sangue e solta um grito)
(Congelamento em Cida)

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